Por JB Press

. Para enfrentar as incertezas cambiais, é preciso que as empresas adotem uma postura cautelosa e estratégica a partir da regularização constante das importações, formando um preço médio que minimize os impactos das flutuações;
. A expectativa é que o dólar se estabilize em torno de R$ 5,25 até o fim do ano.

A recente volatilidade cambial, especialmente a oscilação do dólar e do euro, tem gerado apreensão no setor de comércio exterior brasileiro. Apesar disso, Erick Isoppo, CEO da IDB do Brasil Trading, acredita que o fluxo de comércio exterior não deve sofrer uma redução significativa. “A indústria brasileira depende fortemente de insumos importados, e a manutenção de boas relações com fornecedores internacionais é essencial para assegurar qualidade e continuidade na produção”, afirma Isoppo.

De acordo com Isoppo, o impacto mais imediato das flutuações cambiais é percebido na inflação, com o dólar já precificado em torno de R$ 5,40. “Se o dólar se mantiver entre R$ 5,60 e R$ 5,70, poderemos ver um incremento inflacionário, o que pressionaria o Banco Central a reconsiderar a taxa básica de juros,” explica.

Durante o mês de maio deste ano, pela primeira vez o euro ultrapassou o dólar como moeda mais transacionada no mundo. Mesmo assim, Isoppo afirma que o dólar continuará sendo a principal matriz monetária internacional. “Independentemente das flutuações de outras moedas, é o dólar que, direta ou indiretamente, comanda o comércio global,” diz.

Para quem depende dos insumos das importações é preciso adotar uma postura cautelosa e estratégica para enfrentar as incertezas cambiais. “A gestão atual do Banco Central tem pouco apetite para fazer swap cambial com o objetivo de ‘tentar’ controlar a paridade entre dólar e real, por isso a regularização em volumes menores e mais frequentes é a melhor forma de reduzir a exposição a solavancos cambiais”, aconselha.

Cenário para o último trimestre de 2024

Isoppo prevê a continuação de um cenário volátil até o final deste ano, influenciado pelas eleições americanas e pela escolha do novo presidente do Banco Central do Brasil. “Estamos próximos de um pico de volatilidade cambial, mas vejo possibilidade de o real se valorizar, especialmente se os juros americanos caírem. A expectativa é que o dólar se estabilize em torno de R$ 5,25 até o fim do ano,” analisa.

Entre os setores mais impactados pelas variações cambiais, o especialista destaca o varejo, que tende a reduzir o volume de importações em períodos de alta do dólar, aguardando momentos mais oportunos para retomar as compras. “A indústria, por outro lado, precisa manter sua cadeia de supply chain ativa, o que a torna menos flexível frente às flutuações,” conclui.