Processo comercial possibilita abastecimento de produtos que, por conta da escassez nos últimos anos, contribuíram com a disparada da inflação

Texto: Samira Pereira / Alfa Comunicação

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou, neste mês, a taxa Selic. Passando de 11,75% para 12,75% ao ano, e registrando o 10º aumento seguido, a taxa básica de juros atingiu o seu maior patamar em mais de cinco anos. O objetivo? Conter a inflação brasileira que vem sofrendo repetidos impactos, sendo potencializada pelo início da pandemia do coronavírus, guerra entre Rússia e Ucrânia e desenvolvimento de diferentes economias globais.

O CEO da IDB do Brasil Trading, Erick Isoppo, conta que esta é a forma mais rápida de tentar amenizar a situação. Porém, não a única. “A importação, por exemplo, se alinhada a outras políticas, pode ajudar a diminuir a inflação de maneira saudável e menos dolorosa. De forma resumida e simplificada, pode-se dizer que trazer produtos de outros países aumenta a oferta para o consumidor doméstico. E tendo mais opções de compra, a tendência é dar fim à escassez e diminuir, gradualmente, o valor daquilo que já está no mercado”, explica ele.

Entre os segmentos mais afetados, alimentos, combustíveis e varejo em geral têm destaque. O consultor de Comércio Exterior e coordenador do PEIEX Criciúma pela Unesc, Júlio César Zilli, explana que esse aumento gera consequências importantes, desestimula o investimento, prejudica o crescimento e afeta significativamente as camadas menos favorecidas da população.

“Em um cenário tão complexo como este que estamos vivendo, pensar em uma atitude isolada não traz o efeito desejado. Porém, se forem realizadas ações coletivas, de forma sistêmica, o resultado pode ser bastante positivo. A importação, especialmente de bens de consumo, colabora com o abastecimento do mercado interno de produtos que, em um determinado momento ficaram escassos, tiveram preços aumentados e, consequentemente, contribuíram com o aumento exacerbado da inflação”, exemplifica.

Contribuição para a melhoria da indústria nacional

Isoppo conta que o foco da IDB é trabalhar junto às indústrias, importando matéria-prima para fomentar, em território nacional, a geração de riquezas, emprego e renda. “Dessa forma incentivamos a melhoria da indústria nacional, gerando concorrência e diminuindo os preços”, diz ele, ao lembrar: “Santa Catarina possui uma excelente logística para importação. É referência nacional, possui incentivos fiscais atrativos, cinco portos, mão de obra extremamente qualificada. É um estado referência quando se fala em desembaraço aduaneiro ágil e preços competitivos. Quem ainda não pensou na possibilidade de importar, esta é a hora”, enfatiza.

De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, o Brasil fechou abril com superávit de quase 20 bilhões de dólares no acumulado dos quatro primeiros meses do ano. Em 2021, mesmo ainda em pandemia, as importações chegaram ao quinto melhor resultado da série histórica iniciada em 1989. Números positivos para um mercado que ainda tem muito a crescer, uma vez que apenas 1% das empresas brasileiras compram produtos de outros países.

Zilli explica, ainda, que a importação colabora com um melhor desempenho da indústria, gerando produtos para exportação com ainda mais qualidade e valor agregado. “Além disso, também garante uma menor dependência de fornecedores locais, possibilitando infinitas possibilidades de compras, atualização tecnológica constante, incremento da produção, entre outras vantagens. Os consumidores também têm acesso a um leque de produtos e serviços que podem facilitar muito a sua vida, contribuindo inclusive para a geração de novos empreendimentos”, finaliza.